Remake Your Mind

“Espaço, a fronteira final. Essas são as viagens da nave espacial Enterprise”. Assim começava a abertura da mais famosa série de ficção cientifica já feita até hoje: Star Trek (mais conhecida no Brasil como Jornadas nas estrelas). Desde sempre séries e filmes sobre viagens estrelares e vida extraterrestre, tal como de aventuras épicas, atraem um grande público. E em Agosto os criadores da série LOST lançaram um filme “reconstruindo” a série clássica que encanta tantas pessoas no mundo até hoje.

Estou longe de ser um Trakker, na verdade eu admito que acho o universo de George Lucas um pouco mais atraente do que o habitado por Vulcans, Romulans e klingons entre outros seres vistos em ST. Talvez por isso eu não tenha me incomodado com as alterações feitas nessa nova versão, na verdade eu até gostei da maioria. O mais interessante é que elas foram explicadas de uma forma lógica (para a alegria do Sr. Spock), todo o cenário mostrado no filme virou um “universo paralelo” criado através de viagens no tempo e sua conseqüente influência na história “passada”.

A maior dessas mudanças seja talvez o foco na origem dos protagonistas, vemos tanto Kirk quanto Spok quando crianças. O filme já começa com cenas emocionantes culminando no nascimento do futuro capitão da Enterprise e segue com sua infância conturbada. Já Spock enfrenta desde pequeno o preconceito por ser filho de uma humana com um Romulano e é forçado a escolher entre negar a sua humanidade (seus sentimentos) entrando para a academia romulana de ciências ou orgulhar-se de sua origem e aceitar sua convocação para frota estrelar. Logicamente por causa de seu lado vulcano ele tem que controlar seus sentimentos, mas isso não o impede de, educadamente, se mostrar superior aos anciões vulcanos em uma das melhores cenas do filme.

Outras mudanças também importantes, além de um Spock mais humano, são um Kirk mais impulsivo e uma Uhura mais imponente. Durante metade do filme Jim fica em cima de Uhura e tudo o que consegue são hematomas e foras muito bem dados, uma grande ironia se formos lembrar que ambos protagonizaram o primeiro beijo inter-racial da TV estadunidense. Uhura por sua vez se mostra uma mulher que luta por seus objetivos e abandona a imagem de “mulher da comunicação” da série clássica. Isso acaba demonstrando o quanto à mentalidade “atual” é expressa em criações feitas e adaptadas em diferentes épocas.

De “no man” (nenhum homem) a “no one” (ninguém). Na série original, da década de 60, vemos grande influência da visão machista da época durante os episódios. Constantemente tanto capitão Pike como o capitão Kirk demonstram-se incomodados com a presença de uma mulher na tarefa de ordenança. E mais, as mulheres na nave geralmente eram restritas a tarefas menos heróicas. Com Star Trek: Voyager começa a mudança, sendo a maior parte da tripulação nessa série de mulheres, mas foi no novo filme que se mudou a frase “aonde nenhum homem jamais foi” para “aonde ninguém jamais foi”.

Grandes atuações principalmente de Zachary Quinto (Sr. Spock), Chris Pine (Capitão James Tiberius Kirk) e Zoe Saldana (Tenente Uhura). Grandes cenas de ação como Hikaru Sulu lutando com uma espada em cima de uma sonda. Dr. Leonard, Bones/Magro, Mccoy falando “I’m a doctor not a Phisicyst” (“sou um médico e não um físico”) em referencia a suas frases na série clássica. Um roteiro perfeito e muito bem aproveitado por JJ Abrams (que superou minhas expectativas, ao levar em consideração o descaso dele com LOST). Tudo isso fez de Star trek um filme que prende o espectador até o ultimo minuto e ainda deixa a vontade de assistir de novo, eu mesmo assisti duas vezes seguidas. Acredito que o filme seja tão divertido para Trekkers (de mente aberta) quanto é para não trekkers.